O povoamento que gerou a cidade de Andradas começou a acontecer no início do século XIX, período de decadência da extração do ouro na região central do Estado e emergência da pecuária bovina e agricultura em outras regiões do Estado, embora desde 1792 "campos" da região já tivessem sido citados em inventários registrados por memorialistas como símbolos do início da ocupação local. A partir da década de 30 do mesmo século, começam a ser registradas as hipotecas e escrituras de compra e venda de terras do emergente núcleo populacional.
Documentações do século XIX mostram que a ocupação se deu especialmente a partir da segunda quinzena do mesmo século, mas o crescimento populacional se concentrou, desde então, em sua maior parte, no final do século XIX e começo do século XX, em função da chegada de imigrantes estrangeiros, vindos das fazendas de café, sobretudo de São João da Boa Vista, uma das cidades vizinhas.
Os imigrantes italianos foram os mais numerosos, mas também vieram espanhóis, gregos, libaneses, alemães, suecos e portugueses, conforme destaca o livro Os Estrangeiros na Construção de Andradas, de Nilza Alves de Pontes Marques.
Até 1888, a localidade era um distrito chamado São Sebastião do Jaguari e esteve ligada à cidade de Caldas. Desmembrou-se com o topônimo Caracol, nome de uma serra que emoldura a cidade.
Em 1928, o topônimo Caracol foi alterado para Andradas, em homenagem a um ex-"presidente" do Estado, Antônio Carlos ribeiro de Andrada, natural de Barbacena, uma estratégia para bajular o político e trazê-lo à cidade e satisfazer ao interesse do presidente da Câmara da época, Orestes Gomes de Carvalho, cujo efeito não teve o propósito estabelecido. A mudança foi, portanto, arbitrária e, ainda hoje, há quem chame a cidade de Caracol. Um grupo queria a volta do nome São Sebastião do Jaguari, fato destacado como um plebiscito estampado em 1932 pelo jornal O Popular.
Em 1874, os moradores de São Sebastião do Jaguari endereçaram uma carta à Câmara de Mogi Mirim com o pedido para da transferência da freguesia para a Província de São Paulo. Os motivos foram econômicos e infraestruturais, mas a vila de Caldas, que havia perdido parte de seu território, viu-se ameaçada com uma possível queda na arrecadação de impostos e, em resposta, pediu a sua permanência para a Província de Minas Gerais.
Os impasses territoriais para a demarcação de fronteira exigiram um estudo detalhado, na década de 90 do século XIX, para a produção cartográfica da região, mas a fixação definitiva da fronteira regional seria realizada somente em 1937.
A cidade, na última década de 50, juntamente com outras cidades mineiras, tentou novamente se ligar, jurisdicionalmente, a São Paulo, haja vista que a cidade é bem mais próxima de São Paulo e de outros centros maiores (paulistas) que mineiros e a região, historicamente, costuma ficar esquecida pelo governo estadual.
Em 1932, em meio a Revolução Constitucionalista, Andradas recebeu tropas para atacar o estado paulista. Na ocasião, foram cavadas trincheiras na divisa com São João da Boa Vista antevendo um ataque, que nunca aconteceu.
Terra do Vinho
Com a imigração italiana, houve a consolidação da vitivinicultura do município e a construção do epíteto Terra do Vinho mas o cultivo de videiras foi introduzido no município no século XIX pelo Coronel José Francisco de Oliveira. Tradições orais também apontam que as vinhas podem ter sido iniciadas no município pelo Coronel Gabriel de Oliveira, Joaquim Teixeira de Andrade e Francisco Daniel Pontes.
Até meados da metade do século passado, cerca de 54 famílias produziam vinho em escala comercial. Fala-se também que o número chegou a 72 unidades produtivas. Atualmente, são 7 famílias, que produzem a bebida a partir de 11 variedades.
A vínicola Basso é a mais antiga do município, com mais de 100 anos dedicados à atividade.
A cultura do café é atualmente a cultura agrícola predominante, empregando cerca de 9 mil pessoas no período de colheita.
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